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Um viva ao verde

por Lúcia Gurovitz | 04 de dezembro de 2020 | Fotos: Divulgação

Uma varanda, um quintal, um pedaço de céu: o que já era um desejo forte entre os moradores dos centros urbanos antes da pandemia ganhou amplitude durante o período de distanciamento social. Se vamos ficar em casa, que seja possível estar perto da natureza, mesmo que esse contato se resuma a um jardim de vasos no apartamento.

Em setembro, recebi um relatório do Twitter Brasil dizendo que as menções diárias a “mãe de planta” e “pai de planta” nessa rede social cresceram 140% no primeiro semestre do ano, enquanto as conversas sobre jardinagem e casa aumentaram sete vezes. Já o Pinterest, parceiro de mídia desta edição da DW!, afirma num relatório de julho sobre “novas prioridades” que as buscas na plataforma por “ideias para um quintal privativo com orçamento reduzido” cresceram 75%. “Oásis no quintal”, “jantar no jardim” e “bar no jardim” foram outros termos muito procurados pelos usuários.

Cenas de filmes como De Volta para o Futuro dão graça aos terrários de Roger Evangelista, no D&D Shopping.

 

Por isso, achei muito acertada a decisão do D&D Shopping de dedicar ao paisagismo sua atração central da Semana de Design: a mostra D&D Garden Design. Se já é uma delícia passear por lá para ver as vitrines cheias de móveis e objetos interessantes, imagine encontrar os corredores repletos de plantas e boas ideias para varandas, quintais e pequenos jardins dentro de casa? Gostei especialmente de dois projetos: o canto com terrários inspirados em cenas de filmes, criado por Roger Evangelista, da JardimSP Terrários, e a varanda de André Pedrotti, da We Flores, com vasos divertidos, que integram as plantas ao décor.

Detalhes como os vasos com rostos garantem charme à varanda de André Pedrotti na mostra D&D Garden Design.

 

Pedrotti também é o autor do paisagismo num endereço que adorei conhecer durante a DW!: o escritório da arquiteta e designer Vivian Coser

Os tampos com formato de trevo das mesinhas Trifoglio e Quadrifoglio, de Vivian Coser para a marca Sette7, se integram à folhagem ao fundo.

 

A parede verde montada por ele fez surgir o cenário perfeito para expor as novas peças desenhadas por Vivian para sua marca, a Sette7. Isso porque, aqui, a natureza desempenha um papel central no desenvolvimento do mobiliário: a arquiteta se inspira na biofilia e na biomimética para criar itens como as mesas Quadrifoglio, Trifloglio, Orquídea e Botanique. O material escolhido para dar forma a esses móveis é outro indício da valorização das riquezas naturais. Vivian é uma entusiasta e estudiosa das rochas brasileiras e busca ressaltar as características únicas de cada pedra em seu portfólio.

Pontos de encontro ao ar livre: o rooftop da Kalil Ferre Paisagismo na mostra Artefacto Beach & Country.

 

Uma boa dose de natureza e vida ao ar livre parece estar incluída no tema “o essencial para morar bem”, mote da mostra Artefacto Beach & Country deste ano, inagurada no primeiro dia da DW!. O estilo leve e descontraído faz parte do DNA da marca, que nasceu com o objetivo de compor o décor de casas de praia e campo.

 

Pontos de encontro ao ar livre: a varanda de Andrezza Alencar na mostra Artefacto Beach & Country.

 

Mas por que não viver desse jeito mais gostoso também num espaço urbano? Aí está a chave para o sucesso de ambientes como a varanda de Andrezza Alencar e o rooftop da Kalil Ferre Paisagismo — eles têm aquela atmosfera de oásis na cidade capaz de estimular as buscas nas redes sociais.  

Duas versões para o balanço: de couro e rattan na peça assinada por Patricia Anastassiadis e de corda náutica no modelo criado por Sergio J. Matos.

 

Em consequência do crescente desejo por natureza, o mobiliário outdoor entrou no radar e na prancheta de grandes nomes do design nacional e internacional. Isso explica o boom dos balanços nos últimos anos. Nesta DW!, a peça surgiu embalada em novos significados. Para a arquiteta Patricia Anastassiadis, autora do modelo  Seed, estrela de uma instalação na vitrine da Artefacto Haddock Lobo, a peça de rattan e couro remete a momentos meditativos, aos sentimentos mais íntimos e também à possibilidade de renascimento. O designer Sergio J. Matos, que assina o balanço Irajá, lançamento da Franccino, reproduz na trama de corda náutica da peça o desenho das casinhas de abelha. Irajá quer dizer “onde o mel brota” em tupi-guarani. 

A obra em frente à Casa Brasil Eliane, na av. Brasil, mistura natureza e painéis gigantes com produtos da Eliane e da Decortiles.

 

Para encerrar o passeio, a instalação Do universo infinito ao oásis particular, ação ao ar livre feita em conjunto por Eliane e Decortiles, comprova como os estudos de tendências que orientaram o desenvolvimento das linhas de cerâmicas lançadas pelas duas marcas no início do ano estavam certos. Os relatórios apontavam para a casa como sinônimo de abrigo e falavam sobre a necessidade humana de reconexão com a natureza. Tudo isso se confirmou em 2020. Projetada pelo arquiteto Alexandre Brunato, a obra sensorial convida a circular entre painéis com placas de porconelato que replicam materiais naturais, muito verde e sons da mata. Um deleite a céu aberto na movimentada av. Brasil.

 

Lúcia Gurovitz é jornalista e há mais de 20 anos trabalha em publicações da área de design, decoração e arquitetura. Viu nascer a DW! e como o festival ajudou a fomentar uma cultura de design na cidade de São Paulo. Fez parte do time de curadoria da DW! Semana de Design de São Paulo em 2019 e 2020.

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