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Do papel para as massas, com Paulo Biacchi

foto: Diego Cagnato/Divulgação

Formado em desenho industrial com habilitação em projeto de produto pela Universidade Federal do Paraná, Paulo Biacchi fez sua carreira como designer de produtos. Agora, o multifacetado designer também desponta como influenciador digital, com vídeos de Faça Você Mesmo, e apresentador de programas de televisão. Em bate-papo com o DW! São Paulo Design Weekend, Biachi conta sobre sua trajetória, quais foram os maiores desafios de sua carreira e que conselho daria para ele mesmo quando ainda era recém-formado.

DW! – Como foi o início de sua carreira?
PB – Desde meu primeiro e segundo ano de faculdade, participei de concursos. No terceiro ano, ganhei um concurso e o prêmio foi viajar para o Salão de Milão e fazer um estágio em um escritório de arquitetura e de design da cidade italiana. Nessa época, não tinha condições financeiras de realizar isso e o concurso me viabilizou ter essa experiência, que foi o início da minha carreira.

DW! – Como descobriu que essa era a profissão certa para você?
PB – Sempre fui muito atento para participar de concursos e achava importante participar de atividades extracurriculares durante a faculdade. E no ano seguinte desse estágio em Milão, participei do prêmio do Museu da Casa Brasileira (parceiro do DW!) na categoria Iluminação e acabei ganhando meu primeiro prêmio MCB, que é um dos mais importantes do Brasil. Tudo isso foi me levando a crer que eu estava no caminho certo e que estava tendo destaque.

DW! – Quais foram seus maiores desafios ao iniciar sua carreira?
PB – Os grandes desafios não só da minha carreira, mas de qualquer jovem designer é uma posição, um lugar para trabalhar na área de design de produto. Com minha experiência e o portfólio adquirido não só na universidade, mas com essas participações em concursos, consegui entrar em um escritório muito conceituado na época, que desenhava para as principais fábricas de mobiliário do Rio Grande do Sul. Ganhei experiência em criar mobiliário para diversas marcas, não só do setor moveleiro de planejados, mas também para marcas populares. Entrei como estagiário e fui crescendo. No final, já gerenciava uma equipe de quase 20 pessoas, desde design de produto até comercial.

DW! – Como tomou a decisão de se aventurar em um negócio próprio?
PB – Decidimos abrir a Fetiche Design depois dessa minha experiência. Na época, minha sócia, Carolina Armellini trabalhava em um outro escritório e estava fazendo mestrado. Tínhamos um desejo de fazer peças autorais numa época que o design assinado não era tão valorizado. No começo, produzíamos as peças e tentávamos vender. Foi um investimento alto. Fabricávamos em lotes, por coleções, mas tudo era feito da forma que a gente acreditava.

DW! – E hoje, quais são os maiores desafios?
PB – Meu maior desafio atualmente é fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Hoje, não estamos só desenhando produtos, mas comunicando design, trabalhando com vídeos, com público bem mais aberto, ensinando as pessoas, de certa forma, o que é design, como ele pode melhorar a vida das pessoas.

DW! – O que te motiva a continuar?
PB – Somos bastantes inquietos e adoramos novos desafios. A diversidade de projetos e os novos problemas a serem solucionados. O que nos motiva é pesquisar novos públicos, novas demandas, novos produtos, ter um aprendizado contínuo.

DW! – Como você enxerga o design brasileiro nos próximos anos?
PB – Nos últimos anos, tivemos alguns momentos de mudança. Uma valorização do design assinado, uma coisa que antes de 2010 nem se falava aqui no Brasil. Com isso, surgiram vários designers com trabalho mais autoral. No momento, atravessamos uma calmaria criativa e esse momento de incerteza do país acaba refletindo na inovação.

DW! – Como você vê o papel do designer em criar um negócio sustentável ao longo dos anos?
PB – O papel do designer é criar produtos que sejam duráveis não só por sua qualidade, mas também pela estética. Produtos que criem uma conexão duradoura com usuário e não passageira. Uma sustentabilidade afetiva. Temos que abrir novos mercados, novas possibilidades, solucionando lacunas de necessidades que ainda não foram pensadas.

DW! – O que mais gosta de criar como designer?
PB – O que eu gosto é de inventar, criar, gosto de fazer uma peça experimental, projetar um DIY (sigla em inglês para faça você mesmo), ou seja, um projeto que possa ser replicado por qualquer um. Gosto de criar conteúdo.

DW! – O que te inspira?
PB – O papel em branco e um desafio criativo.

DW! – Falando nisso, como funciona seu processo criativo?
PB – Para mim, design é processo. Eu sigo uma série de fases para alcançar um objetivo final. Não acredito em insight, lampejo criativo. Acredito em processo: muita pesquisa, conceito, desenvolvimento, exaustão, até encontrar o diferencial.

DW! – Qual o segredo para um móvel ser atrativo para a indústria e para o consumidor final?
PB – Para a indústria, é ser factível de produção, custo atrativo para margem e adequação de mercado. Para o consumidor, os principais fatores são o conforto, o desenho contemporâneo e o preço.

DW! – Como tornar o design mais acessível e democrático?
PB – O lance é como tornar o BOM design mais acessível e democrático. É preciso entender que a contratação de um designer para a criação de um produto não é um custo e sim um investimento. Se o industrial projetar esse valor na etiqueta, o produto com bom design se torna exclusivo e inacessível para a maioria da população. Precisamos pensar mais no design inclusivo.

DW! – Para encerrar, o que diria para o Paulo, recém-formado?
PB – Vai lá, siga seu instinto, acredite e trabalhe com afinco. Não perca as oportunidades. Olhando aqui do futuro, foi isso que funcionou. Arrase.

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