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Design contra o coronavírus

23 de março de 2020 – por Mônica Boscarino

O design e a tecnologia são grandes aliados da área médica e de combate à doenças e infecções. A impressão 3D, por exemplo, já foi usada para criação de próteses personalizadas e acessíveis, impressão de ferramentas cirúrgicas, personalização de pílulas, entre outros.

Desde o surto global de doenças pelo COVID-19, diversos produtos foram criados para proteger as pessoas e contribuir no combate às doenças causadas pelo vírus. O surto foi relatado pela primeira vez em Wuhan, na China, e desde então se espalhou globalmente. Listamos alguns desses produtos. Confira:

Protetores de acrílico como este que você vê na ilustração estão sendo instalados nos estabelecimentos comerciais para proteger funcionários e clientes do coronavírus. Grandes redes de supermercado foram os primeiros a adotar a medida de segurança. E foi pensando nos pequenos comércios que o Studio dLux desenvolveu o projeto de um modelo do acessório e está disponibilizando os arquivos gratuitamente que podem ser facilmente produzidos através de fabricação digital ou da marcenaria tradicional.

“Enxergamos isso como uma possibilidade de ajudar os pequenos produtores a produzirem o acessório. Essa iniciativa procura também o aperfeiçoamento e adaptação de nosso design para o uso de cada um, fazendo com que ele se transforme em um projeto colaborativo e adaptável às necessidades de cada produtor e comerciante”. Os arquivos abertos e manuais estão disponíveis para download neste link: bit.ly/acrylicprotector

Parece um conjunto de maquiagem, mas na verdade é um kit compacto higienização criado pelo designer chinês Kiran Zhu. Batizado de Handy Capsule, inclui uma máscara descartável, desinfetante para as mãos, adesivos de temperatura e lenços com álcool.

O estojo é feito em alumínio moldado para que cada item se encaixe perfeitamente em seu interior. O designer acredita que o formato atual dos suprimentos limita sua integração ao cotidiano e espera que o design elegante e simplificado Handy Capsule crie uma nova forma de conexão com os usuários incentivando melhores hábitos de saúde pública à luz da pandemia de coronavírus. Criado para uso diário e portabilidade, o kit mede 12,5x9cm com uma espessura de apenas 2,5cm. Possui um fecho magnético incorporado para facilitar a abertura e o fechamento e um acessório na lateral para permitir que o usuário o pendure no braço ou o prenda na bolsa.

Os testes COVID-19 disponíveis no mercado oferecem uma terrível experiência para o usuário. É preciso esperar muito tempo para conseguir fazer o teste (se você foi testado, provavelmente é porque já está com os sintomas). Depois é preciso esperar mais horas ou até dias para saber o resultado.

Várias empresas estão trabalhando em testes aprimorados. O Abbott Labs desenvolveu um rastreador de cinco minutos para clínicas que funciona sem a necessidade de enviar amostras para um laboratório. A Cue Health está trabalhando em um teste nasal de 25 minutos. Agora, a Scanwell Health, uma empresa tanto de UX quanto médica, está desenvolvendo um kit de teste para o SARS-CoV-2 que pode ser usado em casa.

Se aprovado pela FDA (U.S. Food & Drug Administration), será possível comprar o kit pelos correios pelo valor de US$70, coletar seu próprio sangue e obter o resultado em apenas 13 minutos – usando a tecnologia licenciada pelo fabricante chinês Innovita que pode analisar o sangue sem a necessidade de envio para um laboratório. Existem muitos testes em desenvolvimento, mas este se destaca por sua exclusiva abordagem para uso pessoal.

E como funciona? Com o teste em mãos, o usuário segue as orientações de um aplicativo – que utiliza frases curtas, GIFS e vídeos em loop demonstrando o passo a passo. O desafio? Os usuários terão que picar os dedos com uma lanceta e usar uma pipeta para coletar o sangue. Então, esse sangue é derramado em uma tira de teste. Adiciona-se algumas gotas de uma solução para distribuir o sangue pela tira que detecta anticorpos que sinalizam que o vírus está ou esteve presente no corpo da pessoa.

Muitos restaurantes não pararam de funcionar durante a pandemia. Os estabelecimentos atendem de portas fechadas fazendo entrega no balcão e seus funcionários ficam na linha de frente, enfrentando riscos e impactos ao ficar expostos a centenas de pessoas todos os dias. Pensando em proteger sua equipe e evitar a contaminação por pessoas que chegam para retirar os pedidos, o Creator, um restaurante em São Francisco, desenvolveu uma “câmara de transferência” pressurizada. Um ventilador pressuriza a câmara para que o ar flua de alta pressão para baixa pressão. Isso garante que as partículas e germes transportados pelo ar permaneçam no exterior do estabelecimento. O segundo aspecto da câmara é uma esteira transportadora auto-higienizante. A cada volta, ela passa por um processo de sanitização, garantindo que a superfície esteja limpa e livre de microrganismos. O design do sistema é gratuito e qualquer um baixar pelo Github.

Em 2018, o Creator tornou-se o primeiro no mundo a fazer hambúrgueres totalmente preparados com um robô. O dispositivo lida com tudo, desde fatiar o pão até cortar cebolas e tomates. Em tempos de pandemia, este é um fato tranquilizador pois mimimiza o contato humano no processo; a máquina empacota cada hambúrguer. 

Pesquisas preliminares indicam que coronavírus pode viver em superfícies por até 72 horas. Por isso é fundamental minimizar a frequência com que tocamos nas coisas, o que é bem difícil de fazer. Você não pode, por exemplo, evitar maçanetas ou inserir seu PIN nos leitores de cartão do mercado. Mas a StatGear, empresa de produtos de sobrevivência fundada por um paramédico aposentado de Nova York criou o Hygiene Hand, um pequeno chaveiro feito em latão, um material naturalmente antimicrobiano. O dispositivo possui uma alça projetada para puxar maçanetas e também funciona como uma caneta, substituindo o dedo – assim sua ponta pode ser usada em botões de elevador, telas touch screen e no caixa eletrônico. A StatGear não é a única empresa a projetar uma ferramenta para evitar o contato direto com superfícies compartilhadas. O Virus Hook é outro dispositivo desse tipo com algumas diferenças: há um abridor de garrafas e um clipe de bolso, juntamente com um empurrador de gancho e botão. 

Brasileiros criam um modelo de respirador portátil, que cabe na palma da mão, dispensa energia elétrica e pode ser modificado para ser produzido através de impressoras 3D. O modelo foi criado a partir de um respirador mecânico – inventado por um anestesista brasileiro, na década de 50, o Dr. Kentaro Takaoka. Diversos especialistas, de engenheiros a designers, sob a coordenação da Anestech Innovation Rising e da Hefesto (especializada em impressão 3D) participaram do projeto. Em cerca de 8 horas a engenharia reversa foi concluída e agora o respirador está em fase de adaptações. A impressão das peças já foi concluída e o protótipo fica pronto na sexta, 27/03. O projeto é open source e tem apoio do Hospital Israelita Albert Einstein através de seu núcleo de inovação, a Eretz.bio. Ele será disponibilizado, através de uma iniciativa Criative Commons, para que todos possam ter acesso, testarem em suas impressoras 3D e poderem, inclusive, aprimorar o projeto. Saiba mais e apoie o projeto: breath4lifeproject.com

Evidências atuais sugerem que o vírus que causa o COVID-19 pode viver em superfícies como aço inoxidável e plástico por até três dias, isso significa que pode ser possível se infectar tocando em uma superfície contaminada, como uma maçaneta, e depois tocando sua boca, nariz ou olhos. Uma solução simples e rápida para evitar tocar maçanetas são esses complementos imprimíveis em 3D que podem ser instalados nas maçanetas, permitindo que as pessoas abram as portas sem utilizar as mãos. Uma maneira fácil de reduzir a chance de contaminação cruzada por coronavírus e manter as mãos das pessoas mais limpas.

O abridor de porta imprimível foi projetado pela empresa de impressão 3D Materialize, com sede na Bélgica, e precisa de apenas alguns parafusos para prender nas maçanetas, permitindo que uma porta seja aberta com um antebraço coberto e não com uma mão. O Materialize adicionou vários modelos de abridor para download gratuito. Em menos de uma semana, esses projetos foram baixados cerca de 30.000 vezes em todo o mundo.


Luminária esterilizante por Frank Chou | Peça conceitual

O designer chinês Frank Chou criou uma luminária de esterilização de combina uma luz ultravioleta (UV) com uma bandeja. A ideia é que peça seja colocada na entrada da casa para que os moradores coloquem itens como telefone celular, chaves ou carteira logo ao entrar. Ao pressionar a tampa da luminária, a fonte de luz UV interna se aproxima dos itens inseridos na bandeja para a esterilização. Após 60 segundos, a tampa sobe automaticamente e os itens já podem ser retirados. 

Reprodução twitter.com/PaolaPisano_Min

Uma empresa italiana de fabricação de aditivos fez engenharia reversa e imprimiu em 3D uma válvula para um hospital em Chiari, uma das áreas mais afetadas pelo surto de coronavírus. A válvula é um componente essencial das máscaras de oxigênio que são conectadas aos ventiladores pulmonares – equipamentos usados para ajudar pacientes com doenças respiratórias. O fornecedor do hospital não conseguiu fornecer a válvula crucial devido à demanda sem precedentes, levando um jornalista local a entrar em contato com a comunidade de empresas de impressão 3D na área. A fabricação digital das peças levou poucas horas se tornando uma opção rápida, viável e barata para a circunstância.

A LIGC Applications desenvolveu a Guardian G-Volt, uma máscara facial com sistema de filtragem de grafeno que pode ser esterilizada e reutilizada com segurança. A máscara é 99% eficaz contra partículas acima de 0,3 micrômetros e 80% eficaz contra qualquer outro item menor. Uma carga elétrica de baixo nível passa pela máscara quando ela estiver conectada a uma bateria portátil por uma porta USB. Essa carga repele quaisquer partículas presas na máscara. Uma luz LED alerta ao usuário quando a máscara precisa ser substituída.

A artista Danielle Baskin criou a Resting Risk Face, uma empresa que imprime os rostos dos usuários em máscaras para que eles possam usar a tecnologia de reconhecimento facial enquanto os usam. Danielle teve a idéia das máscaras de depois de ver pessoas usando máscaras para tentar se proteger contra o coronavírus. Para imprimir as máscaras de reconhecimento facial, Baskin transforma uma foto 2D do rosto de alguém em uma imagem 3D para ser impressa em uma máscara.

A japonesa Mitsufuji lançou a Hamon AG, uma máscara de alto desempenho que pode ser usada e lavada até 50 vezes em qualquer máquina de lavar residencial. A máscara usa o mesmo material usado em roupas médicas para controlar os germes. A peça também possui uma fibra banhada a prata que possui funções antibacterianas e desodorizantes. https://www.mitsufuji.co.jp/

O arquiteto chinês Sun Dayong criou um projeto conceitual para um escudo vestível com função de proteção e utilização deescud luz UV para esterilizar a si próprio. Batizado de Be a Bat Man, o dispositivo de segurança móvel tem estrutura de fibra de carbono em forma de estacas que seriam usadas como uma mochila. Um filme de PVC se estica entre esses suportes, como a membrana da asa de um morcego. Os fios embutidos no plástico aqueceriam a uma temperatura alta o suficiente para matar qualquer patógeno, criando um ambiente estéril para o usuário.

Na Ásia, a tecnologia de impressão 3D foi usada para fabricar micro residências para pacientes com coronavírus em quarentena em Xianning, China. As paredes de 15 casas foram impressas em apenas 24 horas, um tempo de impressão inferior a 2 horas para cada casa de 10 metros quadrados, 2,8m de altura, foram feitas de acordo com os padrões de isolamento exigidos e podem acomodar duas pessoas. Foram utilizados materiais recicláveis, como areia e entulho na construção das casas.  

O laboratório de impressão 3D da Universidade Politécnica de Hong Kong projetou e ajudou a produzir milhares de protetores faciais, que médicos e enfermeiros podem usar para se proteger dos fluidos corporais, que podem levar à infecção. Trabalhando com fabricantes locais, o laboratório já entregou 10 mil protetores para a autoridade hospitalar local. A previsão de produção diária é de até 30 mil unidades por dia. 

Desafios à inovação

Ainda há muito o que fazer. E svocê pode fazer parte. Listamos duas iniciativas que convidam designers de todo o mundo a enviar suas propostas.

Já falamos por aqui do desafio proposto pela Montreal General Hospital Foundation e pela McGill University que convida projetar ventiladores simples, mas eficazes, fáceis de produzir e acessíveis para implantação global. As inscrições estão abertas até 31 de março! 

Gerrit Coetzee, um engenheiro de design de São Francisco, lançou o Ultimate Medical Hackathon: How Fast Can We Design And Deploy An Open Source Ventilator?. Neste desafio, designers e engenheiros são convidados a projetar um ventiladores pulmonares de código aberto, dispositivo escassos em todo o mundo. Envie sua proposta!

Conhece alguma outra iniciativa ou produto criado para o combate ao coronavírus? Conta pra gente! Envie um e-mail para conteudo01@summit-promo.com.br

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